ATÉ ONDE O SANGUE ESCORRE? S6IS SENTIDOS

11:36 Rafa Matos 0 Comments

2.2 STEVE
CAPITULO 2 PARTE 2


Dentro do carro, a alguns metros de distância da casa, observo cada movimento dos que estão lá dentro.
Ela não sabe que estou aqui.
Aquela garota era mais rebelde do que eu pensava, Então a tal garota da festa é o meu mais novo brinquedinho. Quem diria, não?
Pego o binóculos do meu porta luva  do carro para olhar mais de perto.
Ela está na sala brincando com a criança. Que adorável.
Eu já havia conhecido a Lila, conheci sua amiga mais próxima e seu "irmão", ainda descobri onde ela mora e como chegar, e tudo isso em menos de um dia. É, até que o celular do Yago me serviu de algo.
Pelo jeito a personalidade habitual do Steve sério e grosso não vai dar muito certo com a amigável e doce Lila, não é?. Normalmente esse tipo de garota é Tola, boba, fácil  de controlar, um caminho rápido de fazer um serviço bem feito, Mas ela não, ela era diferente. Ela conseguia transparecer esse jeito doce de garota mas era misteriosa e audaciosa, ela não tem medo de enfrentar, não se sente intimada, nunca acha que corre perigo...Cuidado garotinha.
Ela deixou o garoto no quarto e foi para a mesa da sala.
Eu terei de ser cauteloso, delicado, minucioso e perfeccionista.
Eu faria o papel adequado para aquela peça, eu seria o herói. Delicado, profundo, sincero...um amigo a qualquer hora, o principezinho de qualquer garota...nossa, só de pensar isso me dá nos nervos.
Ela pega os livros e começa a ler.
Não, eu não consigo...Quer saber? Será meu trabalho, do meu jeito, do jeito Steve, uma mistura do doce e do amargo, serei o melhor amigo de todos, o melhor amigo que o Steve pode ser, não aqueles príncipes encantados nojentos de filmes melosos, o meu tipo de príncipe, nem um pouco encantado.
Ela levanta e pega um biscoito no armário, volta, senta de novo, o garoto chega e ela senta ele na cadeira ao seu lado, arranca uma folha do caderno e lhe da um lápis para desenhar.
Sabe, até que ela me encanta. Algo nela me encanta, não amigo, não do tipo de encanto que você está pensando, o Steve não é assim. Me sinto desafiado, instigado...Algo nela...Um passeio?
Quero conhecer um pouco mais da minha nova amiga.
Desligo o carro e salto. Vou em direção a casa. Bato na porta.
- Oí
- Oi...Steve certo?
Ela sorriu. Por que ela sorriu? Arg, ela é simpática até demais, não bastava um oi?
-Sim. - Forcei um sorriso, como sou uma pessoa adorável.
- Sabe, eu lhe disse que não começamos bem...Eu lhe tratei meio...mal.
-Uhum, e a propósito, eu li o bilhete, obrigada.
- Quero fazer algo para compensar seu primeiro dia de aula
- Meu primeiro dia de aula foi ótimo, desculpa se sua intenção era estraga-lo
Muito engraçadinha...
- Ta, bem...Acho que quero compensar seu primeiro dia de aula...comigo...
- Quem disse que eu quero?- Sorrindo de novo? Isso me da nos nervos
- Eu sei que você quer, anda vamos!- Eu realmente estava animado para aquilo- Um pedido de um novo amigo á uma caloura. Vai, aceita!
Ela me olhou com um olhar desconfiado- Quem lhe disse que é meu amigo?
Ai. Doeu. Mas ficou ainda mais divertido.
- Posso tentar?
-Hm- ela levantou uma sobrancelha e sorriu de canto de boca- Alguma ideia para isso?
- Tem um parque aqui perto
-Sim, se chama Central Park. Não sou tão desnorteada assim. Mas não posso sair, estou cuidando do Nick.
- Eu não disse que ele não viria
- E para você é fácil assim não é? Ele tem mãe sabia?
- E você tem telefone sabia?
Ela arqueou a sobrancelha.  Eu não nego, dessa vez eu também sorri.
-Muito engraçadinho. Nick, quer ir ao Central Park?
- Só se eu for de bicicleta!
- Aguarda um pouco. Vou falar com a mãe dele.
Ela entrou em casa e pouco depois ela voltou.
- Ela até deixou mas sabe, eu nem te conheço.
- Não vou te matar, vamos lá! É um passeio, Lila, é aqui do lado, qualquer coisa você foge correndo. Juro que não vou atrás.
-Você é ridículo sabia? Espera eu pegar a bolsa e a bicicleta do Nick.
Aguardei um tempo e ela voltou, Vi algo pendurado na bolsa, um frasco.
- Muito bem, spray de pimenta? Se quer se defender com isso, uma boa dica é guardar, por que com ele a mostra assim você vai virar piada.
Ela colocou dentro da bolsa.
- Satisfeito?
- Muito.
Fomos andando até o parque.
Meu celular tocou.
-Fala
-Onde está Steve?
- No Central Park
- Como é que é?
- Isso ai.
- Calma ai, Steve no Central Park?
- Qual o problema Yago?
-Contando que você odeia pessoas e odeia ir ao central park, todo, o que está fazendo ai?
- Dando um...Passeio.
Desliguei e a observei correr com o Nick, ele na bicicleta e ela o acompanhando. Até que ela parou e virou-se para mim. Acenei.
- Vem cá
-Quê?
- Vem cá! Tem medo de planta, Steve?
- Engraçadinha. Fui até ela observando-a calmamente.
Fui até onde ela estava. O que ela queria?
- É assim que quer me compensar? Me observando de longe e calado?
- Isso lhe da medo?
- Não, acho graça, sabe, não tenta bancar o sério comigo, não vai conseguir, mas já que me chamou ao parque, o que pretende fazer?
Calma Steve, Calma...Seja um bom garoto com a...novata.
- O que se faz em um parque, sentar e olhar o movimento.
-Se é isso que faz no parque eu tenho pena de você, Mas eu tenho uma ideia.
- Ta, o que é? Falei nem um pouco animado, aquela garota era epontânea e alegre demais.
- Deita.
-Quê?
-Deita.
- Você ta brincando né? Quer que eu deite no meio do parque? - Tive uma péssima ideia, o que essa garota esperava de mim?
- Não não, quero que dê piruetas, por isso mandei deitar.
- Sua ironia não me comove.
- Percebi. Vai demorar ?
Respirei fundo.
Sem tirar os olhos dela, sentei no chão, A Lila se deitou e eu a observei.
- Fala sério, sou linda né?
- Como assim?
- Você não para de olhar de mim.
- Nem um pouco metida, cadê o Nick?
- Está aqui do seu lado
Olhei para o lado e ele estava um pouco distante, mas parecia alegre andando com sua bicicleta.
Deitei na grama.
-Pronto.
-Aê, parabéns, doeu muito?
Virei-me para ela. Você é hilária sabia?
- Sabia, já me disseram. Você não, sabia?
- Amei o elogio.
Ela se deitou ao meu lado.
- Olha
- O que?
- As nuvens ué
- O que é que tem?
- Olha como elas são.
- Ah claro, espera...brancas, redondas, ficam no céu...
- Bem detalhista.
Eu a observei.
- O que quer de mim Lila?
Ela se virou para mim.
-Que pare de fazer o papel de sério e insensível que não é
- Em tão pouco tempo me conhece tão bem?
- Não te conheço. Por isso tenho tanta certeza
Mas o que? Essa menina é louca. Isso não faz o menor sentido.
- Apenas deita Steve, prometo que não dói.
- Estou deitado
- Não, de frente para o céu
- Ah claro...
- Observa o formato das nuvens.
- Você está brincando né?
- Eu fazia isso quando pequena com minha mãe, até que ela trabalhava tanto que não tinha mais tempo para mim, ia a uma praça perto de casa, deitava no chão e olhava as núvens. Criava histórias assim como ela fazia
-Cada formato de nuvens criava uma história?
-Sim. Tenta
Meu deus, eu estava com a menina mais estranha do mundo. O que você foi fazer Gustavo...Ela não podia ser tão patética quanto você? Tão idiota?
Olhei-a, ela estava esperando, o que exatamente? Ah sim, a história.
- Olha...aquela dali ta vendo?
- Qual?
- a que tem o formato de um rosto
-Sim, parece um velho- ela riu
-Sim, imagina esse velho em uma casa, com uma garotinha e um cachorro...
- Que meigo- ela disse, ironicamente
- Ele pega uma faca, não aguentava mais os latidos daquele pequeno bichinho, não aguentava mais o barulho das coisas caindo daquela desastrada garotinha...
-Para por ai
- Que é? Estou criando minha história
- Não, está fazendo de algo puro uma coisa horrenda, você está criando uma história de terror!
- De quem é a história?
- Sua mas e d-
- Então calada. Ouve minha história- Disse sorrindo de canto de boca.
Ela riu.
Tampei a boca dela
- Ouve. Calada. Ok?
Ela assentiu e  mordeu minha mão.
definitivamente, louca
tirei minha mão de sua boca e ela riu.
- Com uma condição
- Fala.
- Não mata o cachorro ta?
-E a garota?- Olhei, desafiando-a
- Falei do garoto. A  garota sabe se defender- Ela me respondeu o olhar.
E por mais irônico que pareça, permanecemos ali. Deitados contando histórias de terror e disputando qual a pior...transformando algo bom em tenebroso,mas para mim, cada vez mais belo.
Se o Gustavo queria brincar, eu havia achado meu peão perfeito. Vamos ver se ele conseguia jogar...Com minhas regras.


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