EU, UÉ

Nada mais. Nenhum comentário extra a fazer. Apenas dizer, eu. Essa sou eu. Cabelos castanhos, hoje ruivos...as vezes desgrenhados pela preguiça de dançar com a escova pelos meus fios...nariz estranho com cravos, pele alva. Essa sou apenas eu. Nada de muito complexo, mas admito não ser das mais simples interpretações. Como Raul já dizia, uma metamorfose que nem mesmo eu consigo entender. Mas olhando-me como um desconhecido, de cima a baixo, me vejo em mim. Vejo que cada parte de mim bonita ou feia, errada ou certa tem motivo pra estar ali. Que a cicatriz na minha mão direita me lembrará o momento de raiva que dei um murro na janela e quebrou. Me irrito fácil, tão fácil... Mas o arrependimento até do erro alheio me bate fácil se o amor é forte. Não me importo com desculpas. Idiota demais e esperta mais ainda se necessário...uma mocinha de novela ou das piores serial killers procuradas pelo FBI, tudo isso em mim. Aqui. Explosão de raiva e amor sem limites e sem noção, carinho um monte de monte, me monte desmonte e remonte e continuarei assim, eu. Tudo em meu eu me lembra a mim. Minhas poucas manchas nas costas me lembrarão o carnaval que perdi a noção do tempo no sol e mal conseguia me tocar depois disso... Cada parte de mim um momento, um erro, um vacilo, um tropeço, uma lágrima, uma loucura, um poder fazer novamente, um tarde demais, uma alegria, uma sorte, um sorriso, uma ajuda, um abraço, um amor, um primeiro passo, um laço de amigo, um abrigo, um acerto, uma vitória, uma honra, um orgulho, uma glória. Eu não sou nem de perto a garota exemplo de algo. Em tudo que me faço exemplo faço algo que prefiro esquecer, mas em cada tropeço reverto em algo que pra sempre irei querer reviver. Sou momento. Sou sentimento. Tristeza e alegria, dor e sorriso, erros ridiculamente estúpidos e dúvidas absurdas junto a argumentos completos e complexos e sem mistérios e ideias mirabolantes e inimagináveis que as vezes só eu consigo entender. E quem sou eu a final? Sou quem vai querer te amar sempre, quem vai querer te matar e cortar em pedaços, quem vai querer te guardar pra mim, te libertar pro mundo, te fazer e refazer e apenas ao mesmo tempo te deixar ser. Sou nada mais ou menos que um eu misterioso em mim mesma onde a melhor parte disso estou para descobrir. Meu caro, não serei eu a ser homenageada em 2 horas seguidas em um documentário do Discovery Channel, não serei eu a ter no centro da cidade uma estátua onde turistas tirarão foto...E que chato deve ser viver pra ser alguém pro mundo não acha ? Quero apenas ser alguém pra mim. Quero estar na memória das pessoas com quem convivi, com quem nem vivi mas sabem de mim , quero ser lembrada em algum momento por aquele porteiro do prédio da rua que dei bom dia todos os dias ao sair de casa, quero estar na memória daquela vizinha que desceu com seu cachorro e nos encontramos na rua...do segurança que acenou pra mim ao passar por ele, quero ser aquela que um dia será citada por alguma mãe ou pai ou tia ou tio ou qualquer um, falando o que eu lhe ensinei, o que viveu comigo, o sorriso que dividimos e o que aprendeu com tudo isso. Quero ser alguém imperfeita comigo mesma, e se algum estudioso resolver me estudar, peço que me explique se conseguir desvendar. Quero ser algo tão unicamente meu pra que no fim eu faça a minha própria estátua interna e meu próprio monumento, meu próprio documentário fantástico as 20h da noite na globo do meu próprio Globo, para que assistindo a mim mesma no fim eu possa dizer :
E essa foi a história da pessoa mais bizarramente mistério que ainda não decifrei bem o que é . Essa sou eu, ué.
''Em tudo que me faço exemplo faço algo que prefiro esquecer, mas em cada tropeço reverto em algo que pra sempre irei querer reviver''... amei! !! Muito bom o texto! !
ResponderExcluirQue bom que gostou !! Acompanha o blog, prometo colocar mais textos assim e amei ter você como leitora.
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