ATÉ ONDE O SANGUE ESCORRE- S6IS SENTIDOS

Capítulo 7 parte 2

LILA

Minha última lembrança é ter sido colocada em um carro pelo Steve e depois de ele ter me carregado até seu quarto. Depois disso apaguei totalmente.
Com a luz do quarto acordei
- Que horas são ?
- Olá Lila. São 3 da manhã
Em um susto levantei
- A Beth e o Nick. - me olhei e no susto falei- minhas roupas eu...
- Sua casa foi invadida e você sofreu um..."sequestro" em sua própria casa
- eu preciso ir pra casa, onde a Beth está e por que estou aqui?
Me levantei mas minha cabeça girava e estava tonta de tal forma que voltei a me sentar
- você não vai a lugar nenhum. Lhe trouxe pra cá pois ficará segura junto a seu irmão, iam te matar ontem. Seu irmão está dormindo.
- E como você ...?
- o seu sequestrador me ligou
- você está mentindo. Como ele sabia seu numero?
- Ele devia me conhecer. Eu fui lá na sua casa lhe deixar, depois sai pois você me disse que ficaria bem sozinha. Voltei lá ontem pois ele ligou e ouvi sua voz ao fundo gritando, eu estava com meu amigo no carro, achei que fosse alguém passando trote pra gente pelo seu celular, que tinha se metido com gente idiota, meu celular estava descarregado e  ao carrega-lo  vi suas inúmeras ligações e percebi que estava realmente em perigo. Você não lembra de nada?
-Lembro de ter me deixado...De ter te ligado por ouvir coisas na casa e estar caindo na caixa postal e de ver uma mulher na minha frente, lembro de te gritar mas...não lembro a ordem das coisas nem detalhes.  você tem contato com essas pessoas ?
- O que importa é que está a salvo
- Responde
- Algumas me conhecem. Só conhecem mesmo por azar da vida e ela deve ter visto seu celular e suas ligações e viu que você me liga muito, percebendo que sou alguém próximo.
- Eu não...
Toquei minha barriga que doía um pouco e vi um curativo
- Eu me feri?
Ele abaixou a cabeça, como se estivesse desapontado.
- sim e não só ai, na barriga, cabeça, bochecha, braço, perna, mas nenhum ferimento sério. Ela deve ter lhe machucado em algum momento...Vocês brigaram ou algo assim?
- Eu lembro de empurra-la e ser jogada com força no chão...Não lembro muita coisa...Por que não me levou ao hospital ?
- E explicar que uma casa foi invadida e eu magicamente estava com uma jovem e uma criança ? Seria muito a explicar e muita confusão por uma noite apenas. No mínimo eu seria levado a delegacia como se te perseguisse e você voltaria pra casa onde quase foi morta, e a Beth estaria sendo procurada pela polícia, o que lhe daria um susto maior do que o de ontem. Ia ajudar muito mesmo.
- confusão?Como assim?  Eu ia -
- O que importa é que está a salvo não é ?
Eu o olhei tentando entender tudo.Confusa. Desesperada.
- Dorme Lila eu já fiz os curativos em você e está de madrugada, descansa
E você não...
-Não estou com sono. Seu irmão está a salvo, você está a salvo, e a Beth está a salvo, meu amigo ficou de vigia na casa para que nada acontecesse e garantisse que ela estava bem.
-Seu...
- Acho que realmente devia descansar. Mais tarde conversamos. Não force sua mente agora. Deite.
Não tardou para que eu deitasse e voltasse  ao meu sonho profundo. Após um tempo acordei com a cortina se abrindo
- Bom dia !
Levantei e fui ao banheiro tomar banho, nem dei bom dia ou olhei os garotos, apenas fui,  tentando me equilibrar e organizar e entender toda a história do dia anterior . Invasão de casa, eu amarrada, meu irmão em minha frente dormindo, uma mulher falando coisas ameaçadoras, rindo de tudo aquilo,aos poucos lembrava, lembrava de cada coisa, sem detalhes demais, só flashs em minha cabeça. O Steve no telefone gritando meu nome...Aquilo tudo era um pesadelo muito grande que eu queria que fosse apenas parte de uma noite mal dormida, mas infelizmente estava bem acordada.  Ao sair do banho, ainda de toalha, eu me agachei no chão, sem forças para acreditar em tudo que havia passado, tudo que acontecera. Cai no chão e agachado comecei a chorar, chorar o desespero acumulado de todas aquelas horas passadas rápidas, aquela angústia presa na garganta. Então a porta do banheiro se abriu e eu assustada levantei a cabeça,  eu olhei o Steve que estava parado na porta me olhando e ao me ver chorar, se aproximou,


-Ei, Calma.
Disse Steve, a minha frente, limpando meu rosto e me olhando.
Eu soluçava
- Todos temos algum trauma. Todos sentimos dores da qual jamais iremos nos esquecer. Mas o tempo ajuda a curar. Já passou. Já está tudo bem e você está bem...a salvo.
- Por que? Eu nunca fiz nada...Eu não fiz nada a ninguém...nem conheço muito o povo daqui...Por que me odeiam..
-Não...te odeiam Lila, ninguém te odeia
-Como sabe
- Por que...
-Ta vendo? Meu Deus o que fiz? Eu só quero ser normal
- Mas...
- Não tem o que falar ta vendo?
- Você é diferente, é unica, é irritante e é genial, é uma pessoa encantadora, te odiar é impossível. Mas essas pessoas são fora de si, loucas, abomináveis, elas não querem saber quem são, elas só querem fazer o que querem. Se veste, está tudo bem.

Ele então abriu o armário e me jogou uma camisa grande, vista- ele disse
Vesti a camisa limpa e fui em sua direção
- o que está acontecendo?
Ele mexeu no meu cabelo e me olhou dizendo - eu não sei, mas o que quer que seja já acabou, você está segura
- por quanto tempo ficarei aqui?
- essa semana pelo menos.
Eu o abracei forte e ele me deu um beijo na testa

 -Quer tomar café?
- O Nick...
-Está dormindo...
- Vamos, mas não demoraremos muito, antes que ele acorde.
- Ele está bem
Fomos a cozinha e começamos a fazer ovos e bacon, me fazendo esquecer um pouco da angústia da noite anterior.
Fui pedir a ele um prato e ao virar pra ele, fui repentinamente puxada e ele me deu um beijo, o que me fez deixar a frigideira na bancada e beija-lo .


Depois daquilo tudo parecia perfeito. Eu liguei para a Beth depois do café e ela estava atrás de mim mas não parecia desesperada,eu lhe disse que estava bem na casa de um amigo, eu e o Nick estávamos bem, ela então disse que colocou segurança em toda a casa e que um amigo meu que estava lá disse o que houve e onde eu estava e que cuidou dela por todo o tempo do incidente. Lhe disse que era o Yago, avisei também que ficaria ali por uma semana e que ela fosse pra um hotel por uma semana, que seria seguro pra ambas mesmo com a segurança da casa. Ela pensou na idéia rapidamente e disse que realmente era mais tranquilizador e seguro. Pediu que mantesse contato e a prometi isso. Mandei mensagem a minha mãe contando o que houve também mas que tudo havia se resolvido.
Ao desligar o telefone e todas as ligações, virei para trás e me deparei com o barulho de chuveiro. Então vi o sofá vazio e entendi que nesse tempo o Nick acordara e estava tomando banho. Mas o melhor de tudo não era isso. O melhor foi ver saindo do banheiro e vindo em minha direção um homem sem camisa, lindo, irresistível, maravilhoso e amigo, que eu gostava de uma forma que nem eu entendia. E ele me deu um abraço tão quente que eu não queria mais soltar.
Eu confiava que tudo estava bem.